sexta-feira, 13 de julho de 2007

 

 

transparências

 

 

estes braços
insuficientes para o teu corpo
respiram a custo
o ar transparente
das manhãs       coroadas de luz.


10 de Dezembro de 2005

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dos nómadas

 

 

é certo apenas que estou dispersa, que a música não detém, por ora, a cartografia da noite, que não consigo fixar-me em coisa nenhuma. não habito nenhum disco, e talvez me doa este nomadismo. é assim que procuro sossego nas coisas que não compreendo, encho o quarto com Ali Farka Touré e Omar Faruk Tekbilek.

25 de Julho de 2005

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mínimo

 

 

mesmo se ensaio
erro o gesto
- é cedo ainda.

27 de Outubro de 2005

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outonal #1

foi com as árvores que aprendi a serena imobilidade das coisas perante o abandono e a morte. foi com as raízes que aprendi o gosto das mãos no interior da terra. foi com a certeza do húmus cheio de vida que aprendi a habitar as profundezas. os lugares chamam, e eu vou. tenho uma sede feita de estrada.

27 de Outubro de 2005







outonal #2

exceptuando o regresso necessário das aves aos ramos primaveris, e o abandono das árvores à pequena morte do frio, não houve uma única promessa que se tivesse cumprido.

14 de Novembro de 2005

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tapete de estrelas

ainda me dói o passo indeciso rumo à floresta negra, onde tu não me segues, como dói o pé descalço sobre a brasa.

26 de Outubro de 2005

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you're the night, lilah

a noite é uma floresta. o meu peito é um ramo de cardos. estendo-me na escuridão como quem se deita no meio das árvores. dos distantes lugares do vento chegam-me vozes do interior da terra. cegam-me as memórias recortadas destes labirintos de paredes despojadas.

25 de Outubro de 2005

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the expected unexpected has come

 

 

veio atrasado em mim o outono, mas veio cedo de mais o desmancho do mundo.

24 de Setembro de 2005

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dicionário do silêncio: noite

 

 

o negro espaço
guturalmente aberto
à imensidão das coisas inexplicáveis.

23 de Setembro de 2005

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tipologia do animal ferido

 

 

ensaiar o menos possível. recolher. manter-se imóvel, para sustentar o que dói.

13 de Setembro de 2005

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Laura Palmer

quando se prepara o outono é quando as vozes e as imagens da infância regressam. Laura Palmer emerge, como se vivesse - e morre mais um pouco. imenso é o apelo dos lugares que não conheço.

11 de Setembro de 2005

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romã

 

 

raramente digiro os abandonos da minha vida. parto, carrego o que dói, cicatrizo na distância. na desordem destes dias, evadi-me daquele corpo contra o qual a noite não podia. atroz a sede, impenetrável o silêncio das horas longas. (olharás tu para um canto onde não estou, nalgum lugar almofadado estará impressa a marca do meu corpo, terás percebido que parti?) é a massa informe de setembro, a terra que me reclama, e de mãos crispadas eu sigo para o interior, com um fruto amargo atravessado na garganta.

5 de Setembro de 2005

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quase setembro

 

 

algo em mim se desmancha à chegada da chuva. as ruas perdem a cor, diluída nas horas cinzentas. ainda assim, é a cidade lavada que encontro, nos passeios espelhados de nostalgia. e a quase antecipação das folhas caídas, dos primeiros ventos a sacudir os montes, dos passos pesados sobre a terra húmida, despertam em mim uma morna alegria, de raiz alimentada, de regresso a casa. ser triste é um ofício, como o é pertencer ao outono, habitar por dentro um subterrâneo.

10 de Setembro de 2005

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os deuses abandonam António [Kavafis]


digo então que não foi um engano. existiu aquele corpo, adiado pela sede. ou a sede, adiada pela noite.

5 de Setembro de 2005

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inesperadamente -

a noite é um poço.

30 de Agosto de 2005

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noite, diz assim:

 

 

o meu peito é uma ânfora. repousa em mim o vazio daquela água verde que a noite adia. sou como um espelho, um lago à espera de um rosto que nele se mire.

13 de Agosto de 2005

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algumas coisas sobre os homens #1

cada corpo tem uma cartografia. aqueles braços, aquelas costas direitas, aquele tronco alto e firme, erguido contra a noite como uma rocha. e depois um odor, uma leve sobreexcitação, os lugares que os meus dedos percorreriam, se fossem livres.

2 de Agosto de 2005

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sabor

 

 

eu gosto daquele rapaz de olhos verdes na imensidão indizível das montanhas. gosto daquele corpo seguro todo erguido contra a noite, como um naco de terra. gosto da curva daquele abraço. contra a firmeza daquele corpo, a noite temível não pode. habito agora um lugar incerto na distância.

27 de Julho de 2005

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hipótese

 

 

vou de peito aberto e vou com medo. que farei de mim se a terra não me acolher?

19 de Julho de 2005

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das coisas simples #1

não falamos dos livros nem dos discos nem das árvores nem do rumor próprio das noites de verão ou dos mistérios do universo. estamos parados dentro de um momento. só sei daquellos ojos verdes, uma faca encostada à minha garganta. não falamos das coisas nem da terra, nem do desconhecimento que temos dos caminhos um do outro. é possível estar-se apenas tranquila num abraço - eu moro num abraço que me sustenta. um corpo é quanto basta. há uma felicidade implícita em ser-se mínima.

17 de Julho de 2005





das coisas simples #2

há-de ser um cansaço, um excesso, um crescimento, mas eu já não sei escrever grandes cartas aos fantasmas ausentes. já não sei demorar-me sobre a falta, já não sei tratar por tu as grandes perdas. não há de mim o que sobre para os graves lamentos. o amor tornou-se uma coisa lenta e contida, à parte de mim. já não há rosto algum que substitua a minha vida. ainda que nada se cumpra, ainda que me doa a sede à boca da garganta.

18 de Julho de 2005

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o fogo no arvoredo

 

 

eu ainda não tinha dito da terra que arde e do quanto me dói a serra coberta de abandono e de morte. alguma coisa perdida na infância me prometia que um dia haveríamos de ser semelhantes às árvores. repito: está um calor impossível na serra. o ar pesado e morto por causa dos incêndios, tudo como se estivesse coberto de uma névoa escura, vestígios de cinza na roupa que fica a secar na varanda. não poder-se respirar senão a terra queimada. sentir que o corpo não tem lugar nenhum onde sossegue, no bafo quente da noite dentro da casa silenciosa. eu criei afectos com as árvores dos meus caminhos. não há palavras para este asco, se encontro negras e mudas as encostas que ainda há pouco me guardavam.

17 de Julho de 2005

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descendo >>>

descendo
ao último abrigo das palavras
a morte é tão só
uma sombra sobre a página.

10 de Julho de 2005

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sur la plaine

 

 

sei que pertenço ao deserto quando me reconheço na respiração difícil da terra seca, no cheiro quente dos pinheiros e dos eucaliptos à margem da estrada, no silêncio que arde no chão no auge da tarde. tudo me chama para o sul - excepto a água, que me mantém emparedada na sede transmontana.

16 de Junho de 2005

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gestos mínimos

 

 

há demasiado mundo, demasiado sol, demasiada pele. existir assim tanto, num modo epicurista, pouco sobra para as palavras. morar dentro de uma água verde como fingir pertencer a uma moradia de férias. pela primeira vez, o verão chega-me a tempo e é bom não saber de mim.

9 de Junho de 2005

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sábado, 7 de julho de 2007

 

 

nocturna

 

 

dói-me a urgêncio do teu corpo
que a noite tumultuosa adia.

15 de Maio de 2005

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previsões de céu muito nublado (...)

 

 

antes,
o mundo inteiro um só
lugar do medo

agora,
que vivo de malas feitas
por todo o lado lugares da sede

o meu peito aperta-se na ausência
de um corpo transmontano
que eu amo.

11 de Maio de 2005

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das águas escuras que habitam o fundo dos poços

 

 

ainda que a noite me habite
e haja demasiado mundo à minha volta
há ainda as coisas simples
as sardinhas assadas com pimentos
o perfume do jasmim rente aos muros
o bafo quente da tarde no pico do verão
um rapaz de olhos verdes de quem eu gosto

corpo a corpo
enfrentamos os lugares do medo.

9 de Maio de 2005

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preâmbulo

silêncio na madrugada:
à entrada da claridade,
o perfume dos cravos percorre o quarto
o dia ensaia-se pelas janelas.

25 de Abril de 2005






transfiguração

dói-me o perfume excessivo das glícinias
arde-me o céu parado sobre a terra muda

como o verão a rebentar-me dentro das veias.

26 de Abril de 2005






intersecção

nos lugares perdidos
nada se move
mas acordaram os grilos, e festejam.

29 de Abril de 2005

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full moon is on the rise

 

 

não tenho modo de dizer
o que falta depois do teu corpo_


_______há dias a fio
que nenhuma palavra
me pede para nascer.


23 de Abril de 2005

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do minimalismo

 

 

não há palavras emergentes, ou há demasiado mundo à volta.

9 de Abril de 2005

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manhã luminosa

 

 

é inequívoca e inexprimível
a falta do teu corpo
ante o excesso de luz

— o dia inteiro desenha-se
sob as tuas pálpebras.

9 de Abril de 2005

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da sede #1

a minha sede transmontana arde à boca da garganta. aquela água verde, afinal um deserto como os outros.

18 de Abril de 2005






da sede #2

um assombro é sempre um assombro. há pouco consolo nas manhãs luminosas para os que atravessam de olhos abertos as brasas da noite. não tenho modo de dizer: 'o teu corpo'.

18 de Abril de 2005






da sede #3

o que sobra de cada noite
é quase ter-te aqui


> o teu rosto vale a inflexão da luz
numa tarde de sol.



(aquellos ojos verdes)

8 de Abril de 2005






da sede #4

a minha sede transmontana é uma mão cravada na garganta, a contrariar o mundo. aquellos ojos verdes, um deserto a asfixiar-me o princípio de verão.

19 de Maio de 2005






da sede #5

onde a água é escassa
a terra respira
em lentas convulsões
arde o solo
e os corpos flamejam

17 de Junho de 2005






da sede #6

qualquer coisa se me acaba quando me afasto da febre do sol transmontano, daquela água verde onde o meu corpo encontraria sossego.

3 de Julho de 2005






da sede #7

é difícil esta contenção, como se não fosse ainda para hoje o teu corpo. não desabrocha, o verão.

4 de Agosto de 2005






da sede #8

tanto pedi que a serra de novo me chamasse. não devemos subestimar a força da terra. a sede transmontana chama-me de novo. e eu que agora não tenho como ir.

29 de Agosto de 2005






da sede #9

o meu silêncio é [ainda] um nó de sede apertado na garganta. aperta e arde, como uma febre. o que eu queria era só esse lugar onde pousar a cabeça, uma água verde, um colo transmontano.

10 de Dezembro de 2005

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promessa

 

 

é quase possível crer
nos perfumes que flutuam rente aos muros

1 de Abril de 2005

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escuto a manhã, tacteando o sol.
dizem os pássaros que chegou a estação das flores e que é tempo
de ir à rua
comprar um livro de Ana Teresa Pereira.

1 de Abril de 2005

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excesso

a promessa de luz
a manhã recortada
desmorona-se contra o vento da tarde.

29 de Março de 2005





defeito

o pouco sol incita-me —
— não fosse o medo, que imobiliza
qualquer palavra que não seja

                                                    mínima.

30 de Março de 2005





meio-tempo

não tenho corpo que baste
para enfrentar os dias magros de Março.

30 de Março de 2005

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constatação pré-nocturna

 

 

prefiro o sol à sílaba.

19 de Março de 2005

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small red thing

 

 

agora, sou só pele e gestos mínimos. perdi a exactidão das palavras. habito uma vertigem onde me movo o menos possível, não vá o mundo desencontrar-se da minha respiração.

13 de Março de 2005

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requiem blue

 

 

eu poderia tentar circunscrever a noite. mas aprendi a preferir a boca na cinza aos dedos na ferida.

29 de Janeiro de 2005

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primeira palavra:

 

 

Sísifo.

1 de Janeiro de 2005

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dos oásis

 

 

na serra, onde o frio domina o excesso de espaço, onde cada lugar é ao corpo doloroso, rolar até ao outro lado da cama para alcançar o aparelho de música, é como atravessar um oceano inteiro — ou um deserto — em busca de água para saciar a sede.

29 de Novembro de 2004

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aproveitar o dia

 

 

depois de se ter visto uma vez uma estrada a perder de vista no meio das planícies desertas, sob o sol abrasador de um céu despovoado, depois de se ter visto o nevoeiro a subir a serra e os cumes a tremer de frio e a noite escura a devorar o arvoredo, algo em nós toma parte no silêncio. é assim que, num irreprimível minimalismo de palavras, aprendemos a vastidão por dentro. aprendemos, não: sabemos.

27 de Novembro de 2004

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notícias do arvoredo #1

no alto da terra, não há notícias do mundo. o próprio arvoredo, nove dias encerrado em espessos muros de bruma densa, onde tudo parece acabar dois passos à frente, vertido num abismo doce e branco. no regresso, quase não reconheço o sol inesperado a surgir-me entre os ramos despidos das árvores do caminho.

22 de Novembro de 2004

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silence, et puis. [Marguerite Duras]

o sossego, por fim. duros foram os meses deste sol diminuto, longas as noites cercadas de angústia. Sísifo rondava a casa, o sono perturbado pelo som das pedras a desgastar o tempo. agora, acabou. não mais atravessarei os dias apressada, não mais mais entrarei nas noites assombrada, não mais farei do outono os árduos caminhos do medo. acabaram-se as horas de reclusão, acabaram-se as tarefas inadiáveis, acabaram-se os monstros tenebrosos das coisas por fazer. tudo repousa, como massa de pão. o dia, agora, é meu. não mais andarei com pressa pelo meio das árvores nem esquecerei de prestar atenção ao som dos meus próprios passos. andarei vagarosa pela serra e absorverei todos os cheiros do inverno vindouro. o dia amanheceu claro, e eu respiro a felicidade das mãos frias e dos cachecóis coloridos. esta noite, o meu peito permaneceu desabitado. é com alívio que regresso dos subterrâneos.

20 de Novembro de 2004

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rouge est la couleur du sang #2

 

 

onde a noite coincide com a matéria táctil do sono e do silêncio, a polpa viva do sangue borbulha e ferve.

20 de Novembro de 2004

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rouge est la couleur du sang

 

 

(veia, artéria
líquido, fluído
massa, tecido
sangue, ferida
útero, silêncio)


_________________________
vem comigo
até aos últimos lugares do sono
vamos escutar
a noite no arvoredo


19 de Novembro de 2004

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nos últimos lugares do medo

quando a noite se avoluma
e o frio te toma pelos pés desprotegidos
o medo - ou o cansaço - sobrevém


escuta a terra na montanha
onde o silêncio pesa

acreditas que as árvores
se comovem com os teus passos?

17 de Novembro de 2004

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A pedra de Sísifo

 

 

nos últimos lugares do cansaço, há um assombro sem nome.

14 de Novembro de 2004

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húmus #2

por vezes, no que na noite há de comum com a fértil decomposição da matéria, a morte é um lugar mais próximo.

14 de Novembro de 2004

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o que dói

 

 

a noite arde numa claridade subterrânea, o som dos meus passos atravessa-a com um ritmo certo, de pancada forte na terra. não me atrevo a um movimento. qualquer coisa que excite a fragilidade do silêncio. por todo o lado, tudo dói. sou eu ou é o mundo, cheio de bolhas?

14 de Novembro de 2004

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and when it rans, it pours

 

 

choveu primorosamente toda a semana. o vendaval é um dos sinónimos do medo. mas porque entramos no mês do escorpião, há de novo o sol. a minha rua encheu-se de folhas vermelhas. a cada sete dias o meu corpo regressa às cinzas. todos temos uma voz subterrânea. vivo agora de malas feitas e de coração nas mãos, não vá precipitar-se o dia de partir. já sinto o incómodo das mãos frias e o tempo volta a assegurar-me a primazia da desordem. uma parte de mim ama o caos. uma parte de mim é uma pessoa melhor do que ontem. já quase esqueci o teu rosto, só em sonhos me assombras. dizes-me da falta que, no fundo, não sentes. entrámos no reino da noite longa, e eu faço-lhe reverência no interior da casa - onde há um canto escuro, como se sabe, que tudo sabe. a música acabou, todos os sons estão infestados de demónios. Aimee Mann sobrevive. afinal, todos temos uma ferida que nunca há-de sarar. há muito mais coisas na vida do que o simples quotidiano dos afectos. só alguns filmes revelam a sua substância mais íntima. vivo desses pequenos nadas. agora que compreendo o abismo silencioso do arvoredo, estou mais próxima das coisas que doem, e mais próxima das coisas que vivem. o monólito é o outro sinónimo do medo. nas profundezas, há coisas maravilhosas e desconhecidas. por isso avançamos pela polpa negra das horas tardias. o que resta da música sustem-me. acabaram-se demasiado depressa os girassóis, as tardes quentes e os teus abraços. pela primeira vez, sou feliz à chegada do outono. mas pela primeira vez, a terra apanha-me a tempo. ainda que afeita ao avesso das coisas. há coisas sobre as quais não falamos. há magia por todo o lado, como nas histórias de crianças: há sempre aquele cujo nome não pronunciamos. coisas desfeitas, memórias desagregadas. face ao drama dos equívocos, mais vale voltarmo-nos para o firmamento, para o assombro da mais inexorável incompreensão. mas tu, não te enganes: nem todos os fantasmas têm o teu nome. há demasiadas coisas que as palavras não alcançam.

1 de Novembro de 2004

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soon the equinox

nenhuma antecipação
anterior a Setembro
que agora se esvai

e eu
desatenta do azul
moldo já o corpo à medida do outono.

19 de Setembro de 2004







soon the equinox #2

tão próxima a terra
o rumor subterrâneo
sob os meus pés estalam já folhas caídas


entretanto o corpo
no chão de cinzas
— preparo-me para as noites longas

21 de Setembro de 2004

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a vastidão por dentro #1

convergem no gume da noite
a lentidão
e o silêncio do deserto.

15 de Setembro de 2004






a vastidão por dentro #2

a sol ferindo como uma lança
a noite caindo como um castigo
assim o silêncio no deserto

26 de Setembro de 2004

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a matéria simples

 

 

duas ânforas de barro num canto silencioso
o rumor da água perfumando a noite escura.

23 de Setembro de 2004

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respiração das sombras

 

 

nem as fontes nem o mar:
no meio do deserto
sentiria falta das árvores.

21 de Setembro de 2004

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posted by saturnine | 18:06 | 0 comments

 

 

 

 

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little black stone

 

 

pedra de peito fora do lugar
é quase o mesmo
ter o coração nas mãos

20 de Setembro de 2004

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penumbra

 

 

afinal era um sopro, uma breve agitação ciclónica, mas sobreveio a noite e o mundo está de volta ao seu lugar. no meu peito há uma barragem. deste lado das comportas, repõe-se o sossego possível.

19 de Setembro de 2004

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posterior

compreendo também
que me é insuportável esta hora
é tudo excessivo
mesmo a penumbra
animada de incertezas que abomino.

8 de Setembro de 2004





reconhecimento

a todo o momento espero
novo desastre
ou um qualquer improvável que me salve.

8 de Setembro de 2004






interior

a noite sobe os montes
é tempo de preparar
o aconchego para os mortos.

7 de Outubro de 2004





outonal

o medo desce a encosta
onde a noite é escura
lá no alto, o vento ruge.

8 de Outubro de 2004





reino

do alto da serra
a própria noite
vigia os caminhantes

16 de Outubro de 2004





quadro

todo o dia arrasto atrás de mim uma surdina, um rasto de outono.
negras caem as noites, em fogo caem as folhas.

16 de Outubro de 2004





abismo

onde a noite é ampla
e o silêncio profundo
mesmo o arvoredo é negro
e insondáveis são
os caminhos do medo.

20 de Outubro de 2004





precipício

na estrada cavada na serra
se a chuva enegrece a tarde
o medo faz-se vertigem.

31 de Outubro de 2004

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inflamação

 

 

compreendes
que não há mais nada
só os destroços e a distância.

8 de Setembro de 2004

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(observatório)

 

 

para Vasco Gato

tu, que conhecias a linguagem da terra e trazias os bálsamos para os corpos enfermos, agora regressaste, e só interrompes o silêncio o bastante para que as palavras respirem, mas hoje, hoje deitamo-nos neste chão (de urtigas, seja) e contemplamos o indizível firmamento.

27 de Agosto de 2004

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o ponto de vista dos demónios #1

anoiteceu e eu não me apercebi. deveria ser verão, mas as horas faltam já aos dias, como se não fosse já suficiente degredo que lhes falte o sol. obscureceu. ainda assim, uma nova linguagem em mim se engendra. encontro-me próxima de coisas que não supunha tão familiares. a casa, os livros, os cantos escuros que tudo sabem mas silenciam, a vontade de caminhar descalça pelo jardim, de ser novamento criança com os joelhos esfolados a procurar rente aos muros o perfume das madressilvas.
e não sabia — ou não recordava — que estaria tão próxima da chuva. depois da chuvada, o dia nasce limpo, o cheiro que se levanta é o da terra lavada, o mundo aureolado de pureza renovada. por isso gosto do orvalho sobre as folhas, do verde vivo das árvores alimentadas, subitamente gosto até da neblina branca sobre a praia, da chuva atirada contra as vidraças entre rajadas de vento. algo em mim se aproximou do temporal. e já não tenho medo nem tenho cuidado.
nunca me foi desconhecida a abissal significância da água, o negro silêncio das profundezas e os monstros ou demónios que as habitam, a límpida claridade da superfície e a nítida transparência da sua frescura sobre as feridas. sempre soube que na água me reencontraria, e é por isso que hoje não me entristece a chuva nem o vendaval. sou um ser do outono e resigno-me. mas dizer de um elemento a que pertença seria de um minimalismo inverosímil. não sou do ar, nem da terra, nem da água, nem do fogo, mas de todos eles, e em raros momentos como este, apanhada desprevinida no interior da casa, sinto justificada a minha presença na natureza.

20 de Agosto de 2004






o ponto de vista dos demónios #2

this wasn't supposed to happen. aprendemos a escapar à aflição das memórias, refazemos a fibra dos sentimentos, fio por fio, até que um novo tecido se forma, e não há senão uma vaga memória de uma falta indistinta, estrangeira. curioso é que, da cinza e do pó, outras memórias se soergam, assombrosamente vivas, como brasas que acendem a noite em chamas. estes demónios, velhos conhecidos, há quanto tempo os não via. lembro-me de ti. e outra falta, inesperada, cresce e ocupa o espaço todo. silencio, mais uma vez, a palavra proibida. this wasn't supposed to happen.

24 de Agosto de 2004

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uma disposição vagamente oriental

 

 

a noite excessivamente calma, o negro que pesa sobre a erva, e a promessa de chuva suspensa depois dos montes, assegura-me que há em mim uma parte que se desprende, que sonha com os rios lodacentos e os vastos arrozais, com a neve no cume das montanhas e o som dos pássaros ao arborescer da primavera. são as pálpebras cansadas que anseiam ser lavadas pela luz, no oriente longínquo. fechar os olhos, saber o mundo inteiro num só negro contorno, perfeitamente impregnado de silêncio e de indizível.

17 de Agosto de 2004

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inexctricabilis #2

não sei escrever a palavra que não seja triste. tenho um demónio por companhia, que dorme há dias e já não me fala do fundo do abismo, nem eu ouço os seus passos surdos na escuridão do quarto. só sei circunscrever este silêncio, só sei esticar os dedos para os muros deste exílio. não sou eu, é só o hábito que me fez triste.

12 de Agosto de 2004

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quase um engano.
não estivesse eu
tão próxima de ser chuva.


um violoncelo e um candeeiro de mesa. é tudo o que tenho para opôr ao silêncio das árvores.

11 de Agosto de 2004

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olha

entre a impressão
e a certeza
fiquemo-nos só
pelo tempo que passa.

9 de Agosto de 2004

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the promised womb

 

 

bem sei que somos muitos os que não dormem, aqueles que a noite se recusa a acolher, que não temos palavra que nos abrigue nem corpo que nos proteja. enfrentamos assim, despidos, inequivocamente frágeis, a presença mais próxima da morte. o desejo, a luz, é um engano. à hora nocturna, o meu peito é um abismo inflamado de pavor.

4 de Agosto de 2004

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a noite em chamas

 

 

pode ser agosto, e pode ser que a noite arda, pode haver o silêncio e a inquietação dos lugares escuros e a vontade do outro, mas nem as palavras nos sustentam quando a insónia se instala, e é sempre, mas sempre do medo que se fala. ainda assim, a única coisa certa são as árvores lá fora, quietas e assombrosas, o rumor de folhas quando caminhamos debaixo delas. há uma palavra inflamada em mim. mas ainda não é hoje que digo.

4 de Agosto de 2004

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proposição

 

 

não fosse tanto o medo
e a sede
e seria tão fácil amar
um engano.

2 de Agosto de 2004

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deslocamento

 

 

o mundo é um lugar que não foi feito à nossa medida. daquilo que verdadeiramente importa, a sombra das árvores, o sopro do silêncio nas janelas, os caminhos intermináveis das noites de verão, fomos exilados. já não há poesia onde um corpo repouse, tão só os dedos feridos de escavar a terra, o rosto cansado de olhar os céus desabitados.

28 de Julho de 2004

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rumor

 

 

há um clamor que avança pela noite dentro. um sopro indígena, uma incerteza de propósito. em todo o lado, onde quer que eu chore, um qualquer canto me responde.

12 de Julho de 2004

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Sileno

 

 

demora-se em mim o cansaço. enfraquece-me a vontade. hoje foi, apesar de tudo, um dia bom. o meu demónio de estimação segue-me para todo o lado, caminha silencioso atrás de mim, qual Sileno, e eu suspeito que ele sabe todas as coisas que eu não sei sequer perguntar.

23 de Julho de 2004

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inscrição

 

 

Saberás que não te amo e que te amo *
saberás dos meus passos vãos
dos meus ombros caídos
saberás dessa outra morte
que a tua partida descreve
que me doem os olhos
como dois sóis apagados.

verso de Pablo Neruda



13 de Julho de 2004

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