segunda-feira, 29 de outubro de 2007
suposição
tu poderias ter tido um corpo tu poderias ter um corpo eu poderia ter sido o teu corpo se me tivesses permitido o engano de desenhar-te com a ponta dos dedos saber-te-ia de cor como se fosse cega e a tua figura perfeita teria sido um lugar das minhas mãos um lugar a queimar as minhas mãos e teríamos ardido nesse incêndio ateado pelo cheiro da tua pele
como eu teria gostado de saborear esse engano na ponta dos dedos em carne viva jogar à cabra-cega com os demónios da sede como eu teria gostado de tudo isso
não fora tão rápido o cavalgar da morte sobre o desejo não foras tu apenas um lugar impossível nos meus olhos. Etiquetas: o ponto de vista dos demónios, para uma anatomia das palavras |
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us people are just poems
dizer de um livro: como um corpo carregando a anatomia íntima das palavras
era noite escura tinha os pés frios uma boca cravada sobre o esterno na mesinha de cabeceira a companhia incendiária de Al Berto no chão a caixa vermelha das preciosidades
um gesto imprudente atira para o vazio a minha aflição desajeitada
caiu-me o Medo para dentro do poço do coração.
29 de Outubro de 2007Etiquetas: o ponto de vista dos demónios, para uma anatomia das palavras |
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o ponto de vista dos demónios
na insónia, compensa ter o benefício dos livros. não acender a luz, não mover um único músculo, não arrancar o corpo ao entorpecimento da queda. ter, no silêncio, a memória de qualquer coisa extraordinária.
19 de Outubro de 2007Etiquetas: o ponto de vista dos demónios |
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21:12
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Primeira Lei da Metáfora do Corpo Enquanto Acordeão:
primeira evidência: o pedal da embraiagem, quando pressionado com o pé, apenas desembraia o motor, permitindo mover a alavanca da caixa de velocidades; é apenas quando é libertado da pressão do pé que se processa a embraiagem do motor, passando a efeito a acção de mudança de velocidade;
segunda evidência: perante um ferimento de bala, ou semelhante, frequentemente o corpo humano alberga essoutro corpo estranho como garantia de sobrevivência, mantendo a vida sustentável num precário equilíbrio; é no momento da extracção do corpo estranho que se desencadeia a hemorragia que poderá ser fatal ao corpo humano que o alberga.
terceira evidência: no caso de alguns botões - como os que servem a função de ligar e desligar electrodomésticos diversos, como os rádios e televisores -, a pressão por si só não opera qualquer efeito no aparelho; a acção pretendida de ligar/desligar o aparelho só produz efeito no momento em que o respectivo botão é largado.
Primeira Lei da Metáfora do Corpo Enquanto Acordeão: a infelicidade, a dois, é uma forma deficiente e imperfeita da felicidade. o que dói não é o que tu me fazes - enquanto fazes, afirmas-te presente; é quando te vais embora, quando removes o dedo do botão que sustenta o caudal hemorrágico da minha ferida, que passa a doer o que tu me fizeste - afirmação pretérita da tua ausência.
9 de Outubro de 2007 Etiquetas: para uma anatomia das palavras |
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21:08
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enquanto tu avanças, eu sou a que regressa sempre aos lugares antigos. por estes dias, entretenho-me a desejar que construas templos e palácios aos meus pés. enquanto tu não me felicitas sequer pela chegada do outono.
27 de Setembro de 2007Etiquetas: a ferida aberta |
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21:07
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há uma voz que chama, como dois braços estendidos naquele canto escuro que tudo sabe - e quando chama, eu vou. esperei todo o dia. poderias ter vindo. mas nem o sono vem. ainda estou nessa noite parada em frente ao Tejo a comover-me pela primeira vez. não sabia ainda que tanto e tão cedo se morre nesta vida.
26 de Setembro de 2007 Etiquetas: aquele canto escuro que tudo sabe |
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21:05
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Fruto saturnino
quando Setembro chega, a polpa dos meus dedos adquire a súbita coloração das romãs. como um signo interno reconhecido: é altura de recolher a uma condição subterrânea. a terra também se faz das pequenas mortes. lembro-me que é sempre no outono que a memória evoca os lugares da infância. eu serei o que puder dizer que lembro de mim. da familiaridade se constrói a escrita. há um lugar em mim onde é sempre Novembro de folhas caídas. nalgum lugar em mim há gente espalhada pela casa, livros novos embrulhados em papel colorido, e cheira a castanhas assadas e madressilvas no caminho.
11 de Setembro de 2007 Etiquetas: fruto saturnino |
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21:05
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